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Sobre sombras

Escrevo coisas que ninguém percebe, nem eu

Escrevo coisas que ninguém percebe, nem eu

20
Jun25

Desculpas não se pedem, evitam-se

Saudações. Tenho andado ausente deste blog por variadíssimas razões que não acho útil explicar aqui mas houve um acontecimento em particular que me trouxe de volta. Para quem vive debaixo de uma pedra, o atual Secretário Regional do Turismo e Cultura do Governo Regional da Madeira foi gravado a insultar deputadas do PS e um deputado do JPP.

Ora, eu senti empatia pelo Senhor Doutor Eduardo Jesus, quando estou no trânsito e alguém faz uma rotunda mal também costumo chamar burra do coiso. Quando estou no tasco a mamar umas ponchas por vezes também desabafo sobre gajas. E claro, a maneira ideal de resolver o assunto é pedir desculpa, como uma criança que pede desculpa aos pais depois de partir um copo quando os pais avisaram "pára quieto", "isso não é um avião", "pousa o copo Duda que ainda te aleijas".

Aliás, no meu emprego eu tenho por hábito insultar os meus colegas e clientes quando falam de coisas que eu não concordo ou não compreendo. Se alguém me sugerir implementar uma certa funcionalidade com o padrão Visitor e eu achar que há uma maneira melhor não explico o meu ponto de vista de uma forma racional e elucidativa, digo logo que o colaborador é um pulha e que não tem personalidade jurídica.

Prevejo que o assunto morra desta forma: um pedido de desculpas e a vida segue. Daqui a um dia ou dois surge uma notícia mais apelativa e revoltante para as massas e continuamos com um líder da região e do país que não está apto para realizar a sua função. Choca-me que não haja consequências apropriadas para cargos de elevada responsabilidade que deveriam ser um exemplo. Bem sei que somos todos humanos, todos erramos, todos temos dias menos bons, às vezes as emoções ficam à flor da pele, mas se quem toma decisões importantes para a sociedade não consegue gerir estas emoções de uma forma adaptativa e saudável que tipo de mensagem passam aos comuns mortais que apenas escrevem uma cruzinha no quadradinho na folhinha de tempos em tempos?

Até daqui a umas décadas e tenham um excelente dia.

08
Out24

Página do diário de 11 de Abril de 2563

Segunda, 11 de Abril de 2563

Querido diário,

Estou grata pelo presente. Existem viagens no tempo, naves espaciais que navegam entre galáxias, teletransporte dentro do planeta Terra, o dinheiro foi extinto, implementamos um modelo social e económico que matou a pobreza e outros problemas como toxicodependência, alcoolismo e outras patologias aditivas, a saúde está extremamente evoluída, o cancro é facilmente tratado como se de uma mera constipação se tratasse, é espetacular ter nascido nesta altura. Temos modos infinitos de nos entreter e aprender, nunca estamos aborrecidos.

Hoje de manhã vou até 2020 ver a COVID-19 a surgir no mundo e observar o caos que se instalou nos hospitais, centros de saúde e ver a maneira como isto moldou a sociedade da época.

Durante a tarde vou ver uma sapada. A sapada faz parte da nossa cultura há umas boas décadas, apesar de ser polémico. Pegam num sapo e metem num recinto enquanto uns anões cavalgam em póneis e vão espetando uns palitos no dorso. É tão lindo ver os póneis imponentes e bem vestidos, ver os anões com as vestimentas características deste evento de classe. Há quem diga que isto é torturar o sapo, mas eu não acho. É arte, é cultura, enriquece a mente. Depois vêm também os fuckados, que atraem o sapo com moscas e depois agarram-no todos e dominam a fera.

Na verdade, o sapo nem sente dor, eles têm uma mucosa protetora e os palitos não causam nenhum dano. Se não houvesse as sapadas, os sapos nem sequer existiam, só são criados de propósito para as sapadas. E as coxas deles são tão boas, adoro comer uma churrascada de coxinhas de sapo.

Vai ser um dia bom, estou muito feliz. Oops, acabou de me cair um braço. Que chatice, já me estragou o dia.

09
Set24

Ilha dourada

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Saudações. Se és leitor assíduo do meu blogue acredito que tenhas sentido a minha falta. Caso sejas novo aqui, sê muito bem-vindo, escolhe a tua bebida favorita, dá um gole, relaxa e aproveita. Tenho estado ausente aqui porque estive de férias no Porto Santo e quando regressei tive uns dias a tratar de porcarias que ficaram pendentes enquanto estive a desfrutar da ilha dourada. Confesso que também dei primeiro prioridade ao meu podcast em vez do blogue. Uma pessoa tem sempre de fazer escolhas na vida e eu não escolhi o blogue. Se calhar está errado, tenho mais visitas, visualizações, interações e seguidores aqui, por que razão priorizo o podcast? Lamento, gosto muito de divagar. Vamos ao que interessa. Se ainda estiverem na página inicial, cliquem no botãozinho “Ler”.

 

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21
Ago24

É preciso falar sobre a morte

Buenos dias Matosinhos. Olhóje abioje lá atraje. Não estou na praia, mas estou quase, vou para o Porto Santo de férias este Domingo e estou bastante entusiasmado. Mas hoje não vos venho falar de Verão, nem de praia, venho falar-vos da morte. Tema negro, mórbido, no entanto, inevitável, vamos todos bater a bota, não têm escapatória, a não ser que ainda vivam mais umas décadas e inventem uma maneira de armazenar o cérebro humano num computador ou algo assim. Ah, não se esqueçam de ir ouvir o meu podcast se querem deitar umas pinguinhas nas cuecas de tanto rir, já lancei três episódios e eles estão à vossa espera. Vão ao meu instagram (@sobre.sombras) e têm os ditos cujos na bio.

 

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14
Ago24

No meu tempo é que era bom

Olá, amiguinhos. Tenho estado menos ativo aqui no blog porque tenho andado mais ocupado com o meu podcast, mas resolvi mandar uns bitaites aqui para matar saudades. Se gostam de mim, solicito que façam o obséquio de ir ao Spotify ou ao Apple Podcasts e ouçam o que tenho posto por lá, o nome do podcast é homónimo ao blog, é fácil de encontrar. Também tem os links no meu Instagram caso prefiram.

No outro dia li uma notícia sobre a época de apanha da lapa na Madeira estar prestes a terminar. Se bem me lembro os restaurantes estavam apreensivos porque até já estavam a utilizar lapas congeladas e não iam conseguir dar resposta à procura. Até aqui, tudo bem da minha parte, nada a apontar, compreendo haver limites na quantidade e tempo em que se pode pescar, mas também consigo entender o lado da restauração, especialmente numa região tão focada no turismo como a ilha da Madeira.

O que me deixou um pouco mais revoltado foram os comentários numa rede social de pessoas a dizer que antigamente é que eram bons tempos, não havia estas restrições nem demasiados restaurantes a mamar as lapas todas e que os habitantes da ilha até iam com as próprias mãos apanhar lapas das rochas. Esta romantização dos tempos antigos, da confusão entre nostalgia e a avaliação adequada de se de facto esses é que eram bons tempos ou não deixa-me irritado.

 

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05
Ago24

Um novo projeto

‘Méquié ma peeps, como vão? Por estes lados está tudo bem, mesmo que não estivesse não ia dizer, devem ser raras as vezes que a pessoa responde “Por acaso não está tudo bem, passa-se isto assim e assado”, normalmente é sempre “Está tudo e contigo?” seguido de “dond teklax?”. Não vos cansa estas interações da treta que não têm conteúdo? Como se espremêssemos uma laranja para beber o sumo, mas estivesse tudo seco.

Tenho uma novidade para partilhar com vocês, como se quem está a ler isto se interessasse com o que eu faço ou deixo de fazer. Não importa, vou partilhar na mesma e seja o que Deus quiser. Qual a vossa opinião acerca de pessoas que dizem “Se Deus quiser”, ou “Graças a Deus”, e expressões relacionadas? Se forem cristãs eu dou o benefício da dúvida, mas quem não é crente é só debilitado mental ao mencionar o nome de Deus em vão, sem acreditar nele ainda por cima. Como habitual, estou perdido em divagações sobre temas não relacionados, ou será que estou só a criar suspense para captar a vossa atenção e deixar-vos ansiosos por saberem a novidade? Fica a questão no ar. Inspirem e sintam o cheiro da tensão e antecipação. Gostam?

 

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13
Jul24

Coisas que odeio no Verão

Saudações damas e cavaleiros. Estamos no Verão, a estação maravilha do ano. É quente, solarenga, alegre, audaz, jovem. É a altura dos festivais, das festas, dos arraiais, das férias, da diversão. No resto do ano é purivido fazer essas coisas. Um à parte, começamos cedo nos à partes, na minha rua de infância havia um muro que tinha escrito “purivido deitar lixo” uma frase pertinente e sensata mas que deixaria o Eça de Queiroz (ou Queirós, não sei qual sobrenome devo usar, que se lixe) numa cama de hospital. Há coisas que eu gosto no Verão, mas outras nem por isso. Vou destacar as que não gosto.

 

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04
Jul24

No norte o carvalho é uma vírgula, na Madeira, um utensílio

Oi galera. É melhor não continuar com o português do Brasil porque posso ser processado por apropriação cultural. Não corro o risco de ser “cancelado”, quase ninguém lê esta tristeza de blog, quase ninguém vê o meu instagram, sou um coitadinho desconhecido, ninguém quer saber de mim. Menos tu que lês isto, claro, muito obrigado por estares desse lado e permitires-me partilhar contigo coisas importantes para mim.

Houve três pessoas diferentes que recentemente me alertaram que digo muitas asneiras. Sou natural do distrito do Porto, onde o carvalho é uma vírgula e vivo na Madeira onde o caralhinho não é calão, é um utensílio. Em minha defesa, os ambientes nos quais estou inserido são propícios a que eu fale mal. Bom, na verdade, as palavras que utilizo estão presentes no dicionário, portanto, não estou propriamente a dizer barbaridades. Manuel Maria Barbosa du Bocage (admitam, leram o du com um sotaque francês) escrevia poemas com palavras inapropriadas e é atualmente considerado um poeta importante na nossa história. Porque não soltar uns impropérios se o contexto for adequado?

 

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29
Jun24

Limpar o esterco que temos dentro de nós

Saudações caros leitores. Como se sentem meus queridos? São tão fofos em abrirem o meu blog e lerem o que tenho para vos transmitir, fico muito agradecido por este gesto tão atencioso. Leem por pena? Coitadinho daquele rapaz de óculos que está a ficar careca, deixa lá abrir o site e deixar um comentário. Ou nem sequer leem o texto todo? Dão uma vista de olhos no título e pensam “Hmmm não vou perder o meu precioso tempo a ler esta porcaria, tenho mais que fazer” e depois seguem para uma rede social qualquer, fazem um scrollzito durante umas duas horas e está o dia feito.

Que vida é esta em que já não há tempo para nada? As frases que mais digo e ouço é “não tive tempo”. Anda toda a gente sempre ocupada com porcarias, ou é preciso ir ao supermercado, ou tem de se arranjar qualquer coisa na cozinha, ou há o treino do filho, ou há um e-mail do trabalho que é preciso enviar. Mais valia termos nascido em 1349 e aí teríamos tempo para tudo. Podíamos morrer de tuberculose ou talvez um cavaleiro qualquer aparecesse e roubasse todas as nossas posses pelo bem do reino, mas ao menos não estávamos nervosos porque a sanita da casa de banho entupiu e temos de ir a uma loja comprar um produto para ver se resolve. Em 1349 não havia sanitas nem canalização. Não era maravilhoso? Cagar agachado para um buraco, despejar os dejetos humanos no meio do campo, sentir o cheiro a fezes, que delícia. Quem me dera ter nascido nesses tempos em que não havia eletricidade, mas também não lia comentários numa notícia a dizer que aquele antigo comentador desportivo que agora é político, cujo nome não me está a vir á cabeça, veio salvar Portugal. Acho que preferia banhar-me em diarreia de um camponês com peste negra do século XIV do que ouvir pessoas que apoiam esses micróbios daquele partido cujo nome também não me recordo. Devo ter demência para não me lembrar de nomes tão importantes na nossa sociedade atual. Ou talvez não sejam assim tão relevantes para mim.

 

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19
Jun24

Bolhas e bolhinhas

Bom dia, ou boa tarde, para as pessoas que estiverem a ler. Sou um grande fã de tesourinhos portugueses: os famosos “apanhados TVI”, liga dos últimos, vídeos virais do Youtube, sketches de humor como Gato Fedorento ou Contemporâneos, enfim, desde o mais conhecido ao mais obscuro, adoro ver as peripécias nas terrinhas em jogos da divisão distrital, sátiras intemporais (Gajo de Alfama, estou a pensar em ti. Se nunca viram, eu deixo-vos deixar de ler e ir ao Youtube), gente genuína (sai o trabalho e o dinheiro está no caralho), entre outros. Gosto porque todos em conjunto são uma espécie de registos históricos do nosso país e acabam por mostrar-nos outras perspetivas e acontecimentos numa realidade que pode ser totalmente distinta da nossa.

Hoje venho refletir sobre esse assunto: bolhas. Estamos constantemente dentro de bolhas. As nossas vivências são uma parte importante do que somos, das nossas opiniões e perceções, mas estamos sempre condicionados pela nossa experiência. Só podemos saber com certeza aquilo que vivemos, vimos, sentimos, o resto, apenas ouvimos ou lemos outras pessoas falarem sobre o assunto, que pode ser distorcido, incompleto ou até mesmo mentira. Isto faz com que eu tente sempre ser empático com os outros. À exceção de quem me é muito próximo, sei muito pouco da vida das outras pessoas. Por exemplo, posso estar com uma pessoa várias vezes por semana durante algumas horas, mas apenas vou conhecer uma pequena parcela dos seus anos de vida. Não vou saber o que se passa na cabeça dela, o que viveu, os seus medos, traumas, sonhos, objetivos, a não ser que mo digam explicitamente e mesmo assim não vou saber se aquilo é uma verdade total, parcial ou mentira.

 

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