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Sobre sombras

Escrevo sobre tudo e mais alguma coisa. Não me levem muito a sério.

Escrevo sobre tudo e mais alguma coisa. Não me levem muito a sério.

08
Out24

Página do diário de 11 de Abril de 2563

Segunda, 11 de Abril de 2563

Querido diário,

Estou grata pelo presente. Existem viagens no tempo, naves espaciais que navegam entre galáxias, teletransporte dentro do planeta Terra, o dinheiro foi extinto, implementamos um modelo social e económico que matou a pobreza e outros problemas como toxicodependência, alcoolismo e outras patologias aditivas, a saúde está extremamente evoluída, o cancro é facilmente tratado como se de uma mera constipação se tratasse, é espetacular ter nascido nesta altura. Temos modos infinitos de nos entreter e aprender, nunca estamos aborrecidos.

Hoje de manhã vou até 2020 ver a COVID-19 a surgir no mundo e observar o caos que se instalou nos hospitais, centros de saúde e ver a maneira como isto moldou a sociedade da época.

Durante a tarde vou ver uma sapada. A sapada faz parte da nossa cultura há umas boas décadas, apesar de ser polémico. Pegam num sapo e metem num recinto enquanto uns anões cavalgam em póneis e vão espetando uns palitos no dorso. É tão lindo ver os póneis imponentes e bem vestidos, ver os anões com as vestimentas características deste evento de classe. Há quem diga que isto é torturar o sapo, mas eu não acho. É arte, é cultura, enriquece a mente. Depois vêm também os fuckados, que atraem o sapo com moscas e depois agarram-no todos e dominam a fera.

Na verdade, o sapo nem sente dor, eles têm uma mucosa protetora e os palitos não causam nenhum dano. Se não houvesse as sapadas, os sapos nem sequer existiam, só são criados de propósito para as sapadas. E as coxas deles são tão boas, adoro comer uma churrascada de coxinhas de sapo.

Vai ser um dia bom, estou muito feliz. Oops, acabou de me cair um braço. Que chatice, já me estragou o dia.

21
Ago24

É preciso falar sobre a morte

Buenos dias Matosinhos. Olhóje abioje lá atraje. Não estou na praia, mas estou quase, vou para o Porto Santo de férias este Domingo e estou bastante entusiasmado. Mas hoje não vos venho falar de Verão, nem de praia, venho falar-vos da morte. Tema negro, mórbido, no entanto, inevitável, vamos todos bater a bota, não têm escapatória, a não ser que ainda vivam mais umas décadas e inventem uma maneira de armazenar o cérebro humano num computador ou algo assim. Ah, não se esqueçam de ir ouvir o meu podcast se querem deitar umas pinguinhas nas cuecas de tanto rir, já lancei três episódios e eles estão à vossa espera. Vão ao meu instagram (@sobre.sombras) e têm os ditos cujos na bio.

 

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14
Ago24

No meu tempo é que era bom

Olá, amiguinhos. Tenho estado menos ativo aqui no blog porque tenho andado mais ocupado com o meu podcast, mas resolvi mandar uns bitaites aqui para matar saudades. Se gostam de mim, solicito que façam o obséquio de ir ao Spotify ou ao Apple Podcasts e ouçam o que tenho posto por lá, o nome do podcast é homónimo ao blog, é fácil de encontrar. Também tem os links no meu Instagram caso prefiram.

No outro dia li uma notícia sobre a época de apanha da lapa na Madeira estar prestes a terminar. Se bem me lembro os restaurantes estavam apreensivos porque até já estavam a utilizar lapas congeladas e não iam conseguir dar resposta à procura. Até aqui, tudo bem da minha parte, nada a apontar, compreendo haver limites na quantidade e tempo em que se pode pescar, mas também consigo entender o lado da restauração, especialmente numa região tão focada no turismo como a ilha da Madeira.

O que me deixou um pouco mais revoltado foram os comentários numa rede social de pessoas a dizer que antigamente é que eram bons tempos, não havia estas restrições nem demasiados restaurantes a mamar as lapas todas e que os habitantes da ilha até iam com as próprias mãos apanhar lapas das rochas. Esta romantização dos tempos antigos, da confusão entre nostalgia e a avaliação adequada de se de facto esses é que eram bons tempos ou não deixa-me irritado.

 

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19
Jun24

Bolhas e bolhinhas

Bom dia, ou boa tarde, para as pessoas que estiverem a ler. Sou um grande fã de tesourinhos portugueses: os famosos “apanhados TVI”, liga dos últimos, vídeos virais do Youtube, sketches de humor como Gato Fedorento ou Contemporâneos, enfim, desde o mais conhecido ao mais obscuro, adoro ver as peripécias nas terrinhas em jogos da divisão distrital, sátiras intemporais (Gajo de Alfama, estou a pensar em ti. Se nunca viram, eu deixo-vos deixar de ler e ir ao Youtube), gente genuína (sai o trabalho e o dinheiro está no caralho), entre outros. Gosto porque todos em conjunto são uma espécie de registos históricos do nosso país e acabam por mostrar-nos outras perspetivas e acontecimentos numa realidade que pode ser totalmente distinta da nossa.

Hoje venho refletir sobre esse assunto: bolhas. Estamos constantemente dentro de bolhas. As nossas vivências são uma parte importante do que somos, das nossas opiniões e perceções, mas estamos sempre condicionados pela nossa experiência. Só podemos saber com certeza aquilo que vivemos, vimos, sentimos, o resto, apenas ouvimos ou lemos outras pessoas falarem sobre o assunto, que pode ser distorcido, incompleto ou até mesmo mentira. Isto faz com que eu tente sempre ser empático com os outros. À exceção de quem me é muito próximo, sei muito pouco da vida das outras pessoas. Por exemplo, posso estar com uma pessoa várias vezes por semana durante algumas horas, mas apenas vou conhecer uma pequena parcela dos seus anos de vida. Não vou saber o que se passa na cabeça dela, o que viveu, os seus medos, traumas, sonhos, objetivos, a não ser que mo digam explicitamente e mesmo assim não vou saber se aquilo é uma verdade total, parcial ou mentira.

 

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