Limpar o esterco que temos dentro de nós
Saudações caros leitores. Como se sentem meus queridos? São tão fofos em abrirem o meu blog e lerem o que tenho para vos transmitir, fico muito agradecido por este gesto tão atencioso. Leem por pena? Coitadinho daquele rapaz de óculos que está a ficar careca, deixa lá abrir o site e deixar um comentário. Ou nem sequer leem o texto todo? Dão uma vista de olhos no título e pensam “Hmmm não vou perder o meu precioso tempo a ler esta porcaria, tenho mais que fazer” e depois seguem para uma rede social qualquer, fazem um scrollzito durante umas duas horas e está o dia feito.
Que vida é esta em que já não há tempo para nada? As frases que mais digo e ouço é “não tive tempo”. Anda toda a gente sempre ocupada com porcarias, ou é preciso ir ao supermercado, ou tem de se arranjar qualquer coisa na cozinha, ou há o treino do filho, ou há um e-mail do trabalho que é preciso enviar. Mais valia termos nascido em 1349 e aí teríamos tempo para tudo. Podíamos morrer de tuberculose ou talvez um cavaleiro qualquer aparecesse e roubasse todas as nossas posses pelo bem do reino, mas ao menos não estávamos nervosos porque a sanita da casa de banho entupiu e temos de ir a uma loja comprar um produto para ver se resolve. Em 1349 não havia sanitas nem canalização. Não era maravilhoso? Cagar agachado para um buraco, despejar os dejetos humanos no meio do campo, sentir o cheiro a fezes, que delícia. Quem me dera ter nascido nesses tempos em que não havia eletricidade, mas também não lia comentários numa notícia a dizer que aquele antigo comentador desportivo que agora é político, cujo nome não me está a vir á cabeça, veio salvar Portugal. Acho que preferia banhar-me em diarreia de um camponês com peste negra do século XIV do que ouvir pessoas que apoiam esses micróbios daquele partido cujo nome também não me recordo. Devo ter demência para não me lembrar de nomes tão importantes na nossa sociedade atual. Ou talvez não sejam assim tão relevantes para mim.